Carol Derschner
O desabrochar das qualidades
Conhecemos nossas qualidades, conhecemos nossos defeitos, mas e as coisas que ainda em nós estão latentes, aguardando apenas o chamado certo?

Escolher algo para desenvolver dentro de nós mesmas é como plantar uma semente. Muitas vezes percebi que a maioria das pessoas faz isso de forma inconsciente, ou como alguns dirão "natural". Mas se na vida tudo fosse tão natural como um broto ao sol que vem à tona, desenrolando-se em beleza e graça, a noção de esforço não teria nenhum sentido.
O lavrador cultiva a terra, ara e sua. Rasga as mãos nos espinhos e depois planta. Dentro de nós acontece o mesmo processo. Uma vez tiradas as ervas daninhas e preparado o canteiro, que qualidades podemos plantar ali e que um dia refrescarão muitos com seus frutos?
Eu já quis plantar a beleza, a firmeza, a força e a sabedoria. Algumas plantas da alma são de cultivo perene, outras combinam melhor juntas, dividindo o mesmo terreno lado a lado. Que seria da força sem a sabedoria, indicando o melhor caminho para tudo aquilo em que a vontade se derrama?
Metas, planos e sonhos
Já vi muita gente pular sete ondas ao virar do ano, escrever metas ou cantar
sonhos, aguardando coisas que chegam de fora, como "sorte” em suas vidas. Como não acredito em sorte, mas sim em escolhas e possibilidades, quero falar das possibilidades que surgem de uma vontade cultivada, geralmente para o bem.
Será que precisamos de um calendário para desabrochar novas forças, novos anseios, novas qualidades? O que queremos fazer de nós mesmos em um novo ciclo? Seja o ciclo de um dia, uma estação, um novo momento no trabalho, formas de cuidar de um relacionamento… Que sementes quero acordar no meu novo amanhã?
Designar as coisas com as quais quero me conectar mais ou menos em determinado período, de acordo com a necessidade e também os passos que a vida vai tomando, me parece importante. Nesse sentido, os acontecimentos externos podem ser vistos como uma melodia de fundo, sobre a qual cantamos nossa canção. Esta canção pode se harmonizar melhor ou não com este som de fundo ou ter suas notas apagadas pelos trancos do mesmo, quando estridente. Por isso saber ouvir, saber escutar a vida, no presente, é uma arte que pode ser posta em prática a qualquer momento, propondo ações além de reações. Eu não quero viver a vida apenas reagindo.
Talvez alguém possa achar inusitada a ideia de se plantar coisas para muito além da virada de ano, mas confesso que certos cultivos valem à pena!
Para além das tradicionais metas de ano novo (amor, paz e alegria), o que mais pode ser cultivado? É certo que o amor, a paz e a alegria podem nos tocar como que vindos de fora, mas nós também podemos tocar as cordas que vibram na sintonia das coisas que buscamos... Comecemos com as metas de ano novo? Gerar paz, amor e alegria pode ser o primeiro passo para colher desses mesmo frutos, não é mesmo? E que outras sementes esperam plantio, nas estações que se seguem ao ano que começou?
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